Parte de minha infância me traz lembranças da Cidade da Criança. Situada no ABC, precisamente em São Bernardo do Campo, onde nasci e cresci.
Naquela época, a prefeitura fornecia carteirinhas de convênio para quem se cadastrasse, o que nos dava a vantagem de dez ingressos por criança! Eu e meu irmão tínhamos o valioso documento!
Nos finais de semana em que minha mãe folgava, pois trabalhava em hospital e geralmente trabalhava inclusive aos feriados, ela nos acordava com a feliz noticia: vamos à Cidade da Criança! Ahhh... Era uma festa tremenda! Logo tratávamos de arrumar mais crianças, então primos e vizinhos estavam escalados para o passeio quase sempre. Quanto mais gente melhor pra farra!
E lá íamos nós, cantando e tomando bronca no ônibus. Quando chegávamos ao destino, uma fila imensa. Afinal era de graça! Mas não nos importávamos, hoje penso que o melhor de tudo era a espera.
Casa dos espelhos, carrossel, roda gigante, minhocão, castelo encantado, avião, casa maluca e é claro o tobogã na água! Para este último reservava ao menos dois ingressos. O brinquedo subia a certa altura bem devagar, um suspense só, depois descia em alta velocidade! O frio na barriga era inevitável.
Parada para o lanche, muita alegria e tentativa de organização, ao menos era o que minha mãe tentava fazer. Sentia-me livre por aquela cidade, as risadas, os sons dos brinquedos, o choro de quem se perdia dos pais, o cheiro do milho verde e da pipoca doce... Tudo numa sintonia perfeita.
Me tornei adulta com as doces lembranças da Cidade da Criança, tive meu filho e um dia, em uma manhã de sol a exemplo da minha mãe disse de supetão: Vamos a Cidade da Criança! Passou um filme em minha cabeça, ele reproduzira o que eu fazia... “Vou chamar o Vitor! Mas se ele for o irmão mais novo também tem que ir... E o Léo também!”
Feito os convites, todos aceitos, lá fomos nós, eu e mais quatro crianças. Eu também reproduzi o que minha mãe fazia: “Todos dando as mãos ao atravessar a rua! E quem não me obedecer...”
Ao chegar próximo, me senti angustiada, não ouvia os gritos das crianças e tão pouco o barulho dos brinquedos. Demos a volta, as crianças me olhando curiosas. E ao chegarmos uma grande decepção! Uma enorme faixa: Fechado para reforma! Eu não acreditava, as crianças menos ainda. Eu em meio a frustração e a busca de uma solução, afinal as crianças saíram de casa pra se divertir. Lembrei-me do parque municipal, ainda próximo ao endereço que estávamos. Muito jogo de cintura e... Vamos lá criançada, vamos ao novo parque de São Bernardo! E logo a animação voltou. Caminhamos cerca de mais dez minutos e chegamos ao parque Rafael Lazzuri.
O parque é muito agradável, com muito verde e espaço para brincadeiras e enquanto as crianças brincavam, sentei-me a observá-las e ao lembrar minha infância e de como a felicidade pode estar nas pequenas coisas como subir em um escorregador, ou empurrar o amigo no balanço...
A feliz noticia é que a Cidade da Criança foi reinaugurada, fazendo a alegria de novas crianças e oportunidade de doces lembranças.rollercoasterworld-gabriel |
Não tenho tão boas lembranças da Cidade da Criança, mas isso é outra história. Fiquei emocionada e feliz com a mais nova "jornalista" do pedaço.
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